DOCUMENTÁRIO ABORDA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA E REVELA POLÊMICA SOBRE O ACARAJÉ
- Rede Oiti
- 12 de fev. de 2020
- 2 min de leitura

Em tempos de intolerância religiosa e polarização política, o acarajé, um dos quitutes mais tradicionais da Bahia, corre o risco de perder o título de Patrimônio Histórico e Imaterial pela descaracterização da sua receita original e comercialização por pessoas de outros credos. É com base em relatos de baianas de acarajé e resgate de acontecimentos históricos que surge o documentário Àkàrà, no fogo da intolerância. O doc será exibido gratuitamente nesta quarta-feira, 12, às 18h, no Cine Teatro Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. Logo após a exibição do documentário, haverá uma mesa de debate sobre intolerância religiosa. O encontro contará com as presenças da Mameto Kamurici, do Terreiro São Jorge Filho da Goméia e diretora presidenta do Afro Bankoma; do babalorixá Anderson Argolo de Oxalá, do Terreiro Ilê Axé Ala Obatalandê; da yalorixa Jaciara Ribeiro, do Axé Abassá de Ogum, e Mãe Cacau, do Mansu Dandalunda Oyá Kissimbi N’ zambi.
Em Àkàrà, no fogo da intolerância, três baianas de acarajé conduzem a narrativa, que conta também com a participação de líderes religiosos e especialistas, que discutem a intolerância praticada contra as religiões de matriz africana.
“Fizemos um apanhado dos casos mais marcantes dos últimos anos, uma análise histórica partindo da perspectiva de quem sofre este tipo de violência e a relação com o racismo estruturante instaurado na sociedade”, ressalta a diretora Cláudia Chávez.
“Pra gente, do terreiro, o acarajé é como se fosse a hóstia da igreja católica ou a Santa Ceia dos evangélicos. Porque é sagrado, é uma oferenda para um orixá, e um orixá lindo, que é Iansã”, afirma Rita Santos, presidente Nacional da ABAM e uma das personagens do filme.
Produzido pela Apus – Produtora de Conteúdo e a Obá Cacauê Produções, o projeto foi contemplado pelo Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e ANCINE para a grade do Canal Curta!, com estreia na TV ainda em 2020. A trilha sonora é assinada pelo maestro Letieres Leite e produção executiva de Fabíola Aquino.
“Depois da pré-estreia, as expectativas passam pela participação em festivais e mostras de cinema, nacionais e internacionais, além de manter a discussão viva acerca do tema em apresentações públicas em Salvador e interior da Bahia”, conta Fabíola.
Participam do documentário: Rita Santos, presidente da ABAM; Cida Abreu, militante do Movimento Social Negro Brasileiro; Jaciara Ribeiro, yalorixá do Abassá de Ogum; Walmir França, militante do Movimento Negro; professor doutor Jaime Sodré; Vilma Reis, socióloga; professor doutor Hélio Santos; Anne Rodriguez, socióloga; pastor Djalma Torres, líder religioso e as baianas de acarajé Cida, Liu e Dadai.
Redação 4P
Foto: Divulgação
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